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TU-BARÃO

Órgão de opinião própria sem periodicidade e com muita vontade de emitir opiniões sobre o nosso quotidiano

TU-BARÃO

Órgão de opinião própria sem periodicidade e com muita vontade de emitir opiniões sobre o nosso quotidiano

27.10.15

Pare Escute e Olhe


Nos últimos dias os jornais portugueses não fazem outra coisa do que falar sobre Luaty Beirão.

Entendo, pois esta em causa um cidadão português, detido em Angola pelo simples facto de reclamar democracia naquele país.

Este português é acusado de tentar derrubar o actual regime angolano ao participar com outras pessoas, menos de 30, numa manifestação silenciosa.

Neste episodio como em tantos outros o que mais me tem impressionado (e mesmo incomoda) é a subjugação do estado português nos últimos anos ao estado angolano.

Mas não é só o actual governo que está surdo e mudo, todos os principais partidos políticos portugueses sofrem da mesma maleita

Estando em causa um cidadão nacional, detido sem culpa formada, o senhor primeiro-ministro já devia ter-se pronunciado. Mais: onde anda a indignação, no espaço político nacional, relativamente a este assunto?

Quando condenamos a falta de liberdade temos de ter a coragem e a frontalidade de a condenar tanto à direita como à esquerda. Diferenciar uma ditadura seja ela em Angola, na Venezuela, na América do sul é ter uma noção de liberdade esquartejada pelos interesses partidários.

A não existência de liberdade de expressão em Angola é a mesma da falta de liberdade em Cuba para a existência de partidos políticos, a falta de liberdade na Rússia para que os homossexuais possam existir, a falta de liberdade que existiu no Chile no tempo de Augusto Pinochet, a falta de liberdade na China etc etc.

Acontece que o poder politico, comandado pelo poder económico, deixou-se dominar por estas questões importantíssimas numa sociedade moderna e com liberdade de expressão.

Angola é uma realidade mil vezes repetida em Africa onde a primavera árabe ainda não chegou.

A liberdade de Luaty Beirão é também a nossa liberdade.

A liberdade de dizer não a estes processos ditatoriais do pensamento formatado, de quem quer pensar por nós, a liberdade de condenar esta hipocrisia patente em todos os actores políticos (e mesmo em alguns jornalistas).

 

Intervenção de ontem na Rádio Cruzeiro de Odivelas