Maria de Fátima Amaral
Não sei o que se passou entretanto mas, quando eu era criança, as nuvens eram melhores. Havia dias de sol com muitas e enormes nuvens e era excelente. Chamava pelo meu avô e sentados no muro no ponto mais alto do Clube Nacional de Natação, ali mesmo escrevíamos histórias no céu. Histórias fantásticas nas quais os protagonistas tinham movimento.
O vento também, por vezes, dava muito ritmo aqueles protagonistas feitos de nuvem.
Com aquela forma simples de fazer histórias aprendi que a terra girava e só não entendia como é que eu e o meu avô e todos os outros conseguíamos estar em cima da " bola" sem cair. Aprendi depois na escola. Mais uma vez de uma forma simples! Com uma laranja enfiada num lápis. Nunca mais esqueci e ficou para mim claro que quando cai de uma figueira foi puro azar meu porque a gravidade segurava-me.
Vem tudo isto a propósito das minhas ruas de infância: a rua de São Bento, a rua Nova da Piedade, a calçada da Estrela, a avenida Dom Carlos I e o Largo de Santos porta de entrada no Tejo.
Passado quase meio século, todas estas ruas fazem de novo parte do meu dia a dia e penso que a terra é mesmo redonda. Sempre voltamos ao ponto de partida...
Hoje erguem-se "muros monstruosos" que nos tapam o Tejo e dificultam o brilho que dele se projecta para a cidade.
Talvez um dia nasçam mais crianças com vontade de fazer histórias no céu e derrubem estes "muros monstruosos" cuja foto aqui deixo.
E também tudo isto vem a propósito do Barão das Neves. Como? Aqui ao meu lado resta ainda de pé aquilo que foram os emblemáticos armazéns do Conde Barão. Tudo está por todo o lado meu caro Barão das Neves! Acredite que admiro a sua persistência, o seu sentido de humor. Parabéns por mais um ano de blogue! Até um destes dias.
Membro da Assembleia Municipal de Loures eleita pela CDU
Técnica Superior no SIMAR