José Maria Pignatelli
Reflexões: terá a maioria de nós, o direito de reclamar?
Os portugueses passam a vida a reclamar, muito da classe política dirigente, de alguns administradores do sector empresarial do estado e do mundo da finança. Com razão? Talvez sim. Mas porventura chegou o momento de colocar as nossas mãozinhas na consciência. De cada um de nós olhar para dentro de si próprio.
Recentemente, enviaram-me uma mensagem muito expedita nessa matéria.
«Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos…»
E é aqui que muitos portugueses falham. Senão vejamos como atua a maioria de nós:
- Coloca o nome em trabalho e, muitas vezes, licenciatura que não fez.
- Coloca o nome de colega que faltou, na lista de presença ou marca-lhe o ponto.
- Muitas vezes prefere pagar a alguém para fazer seus trabalhos.
- Em alguns casos apropria-se de objetos ou da carga de veículos acidentados nas estradas, até mesmo depois de ajudar os sinistrados.
- Estaciona nas calçadas pedonais e nem se importa em reparar se obstrui ou não a passagem dos peões.
- Suborna ou tenta subornar quando é apanhado a cometer uma infração.
- Troca o voto por qualquer promessa que um partido concorrente, mesmo que reconheça a sua incompetência e até saiba que a promessa é quase irrealizável.
- Fala ao telemóvel enquanto conduz.
- Também se alimenta, fuma e lê as letras maiores do jornal enquanto conduz.
- Nas autoestradas, habitualmente, conduz na faixa da esquerda mesmo que não se encontre a ultrapassar nenhum outro veículo.
- Estaciona em filas duplas, até triplas, em frente às escolas, cafés ou repartições públicas.
- São centenas de milhares os portugueses que conduzem sob o efeito do álcool.
- Utiliza o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o telemóvel dos amigos.
- Fura filas nos bancos, nas repartições públicas, em qualquer serviço público utilizando-se as mais diversas e criativas desculpas. Há mesmo quem alugue crianças de colo a terceiros para que estes não beneficiem do atendimento prioritário.
- Deita quase todos os lixos nas ruas, nas calçadas nos jardins, em particular, papéis, embalagens de alimentos, de tabaco e pontas de cigarro.
- Promove alguns expedientes para obter atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho.
- Se puder usurpa alguns bens públicos, como água, eletricidade e mesmo serviço de televisão por cabo.
- São muitos os portugueses que negoceiam em proveito próprio, objetos e produtos doados em campanhas de solidariedade.
- Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas.
- Leva das empresas onde trabalha, para utilização própria, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis, como se isso não pudesse ser considerado um furto.
- Muitos têm uma enorme aptidão para a falsificação. É rara a vez que uma notícia de contrafação de documentos ou notas, não indique a presença de portugueses.
- Quando encontra algum objeto perdido, não devolve, na maioria das vezes.
- Autoapropriam-se das obras em que nunca participaram.
Ora perante estas realidades, com que moral exigem estes portugueses que a classe dirigente do País tenha ética e seja moralmente bem formada, que nunca abdique do rigor e da defesa da coisa pública.
Afinal, de onde saiu a classe dirigente do País?
Seguramente da mesma massa humana, do mesmo povo… Ou não será assim?
Assim, sugiro que adotemos rapidamente uma mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário.
É crucial, darmos bons exemplos!
Volto à mensagem que recebi: «Fala-se tanto da necessidade deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através dos nossos exemplos…»
«Seja você a mudança que quer ver no mundo» escreveu Gandhi.
José Maria Pignatelli - Deputado Municipal