Por favor mate-me!
A discussão sobre eutanásia está lançada na opinião pública com a publicação do manifesto “Direito a morrer com dignidade”. Cá por mim gostaria de começar com um manifesto diferente: direito a viver com dignidade…. mas, pelos vistos estão mais preocupados com a vida dos animais do que com a vida dos seres humanos. Nos próximos tempos vamos assistir à discussão, académica, se devemos ter direito à morte assistida ou à eutanásia, contra aqueles que acham que a vida é um factor que nunca se deve colocar em causa seja porque razão for. A lei portuguesa proíbe ajudar alguém a morrer seja de que forma for. É crime. A única forma de decidirmos a nossa morte é o chamado testamento vital. Terá de ficar escrito e validado notarialmente os cuidados de saúde que se pretendemos receber no final da vida Se me perguntarem se sou a favor da eutanásia, ou da morte assistida, digo desde já que “nim” ! Acho que ninguém deve sofrer nos seus últimos dias de vida e que consistentemente todos devemos permitir que tal não aconteça. Acontece que tomar uma decisão destas não é fácil principalmente quando são entes queridos nossos que estão em causa. Seria fácil, para mim, tomar uma decisão destas relativamente a uma filha minha? Espero sinceramente nunca passar por uma situação destas pois estou convencido que me faltaria a coragem. Voltemos atrás, devemos estar preocupados em dignificar a vida. Quantos portugueses têm hoje acesso a cuidados paliativos? Segundo os últimos estudos cerca de 30%. Julgo que aqui sim haverá muitos manifestos por criar a fim de pressionar o poder politico para uma inversão da situação actual. Portugal deu desde o 25 de Abril, na área da saúde, um salto qualitativo de monta o que levou a que a esperança de vida aumentasse cerca de 7 anos. Nos próximos meses teremos, todos, de debater este assunto e espero sinceramente ver a sociedade empenhada em faze-lo. Conforme li, um destes dias, podemos começar pela constituição onde o direito à vida é um bem inviolável. Julgo que este tema não pode ser “tratado” em função da nossa simpatia politica mas sim numa perspectiva humanista, pelo que não quero contribuir para a morte forçada de ninguém nem quero ver ninguém a sofrer durante dias e dias antes de sofrer. Percebem agora o meu “nim”?