Nos últimos dias estamos inundados pela política resultante das últimas eleições legislativas.
Conforme aqui já escrevi “quem perdeu pelos vistos parece que ganhou e quem ganhou apercebeu-se, tarde, que poderia perder”.
Senão vejamos.
Á direita, a coligação oferece lugares num futuro governo e está disposta a aceitar algumas medidas que o PS propôs. As mesmas que eram um desastre são agora perfeitamente plausíveis e racionais…………………..
Á esquerda, a saída do euro a renegociação da divida e o tratado orçamental são agora possíveis. Até a saída da Nato já foi deixada cair (fica agora para a CGTP) e tudo é possível para um entendimento à esquerda…………..
No PS, o partido parece um saco de gatos, uns falam quando deviam estar calados outros calam-se quando se deviam pronunciar.
Dizem-me que a política é assim, principalmente num sistema semipresidencialista como o nosso.
Eu digo que, tendo o senhor Presidente da Republica um importante papel a desempenhar neste (como noutros) caso, deve, convidar o partido mais votado a formar governo!
Ou seja, a coligação deve formar um governo e apresentá-lo à Assembleia da Republica.
Ponto final parágrafo!
Depois é apresentar o orçamento na AR e negociar a sua aprovação. É a política no seu estado puro e duro e o resto é conversa de meninos.
Como diz o povo: quem tem unhas é que toca viola!
Claro que com a limitação que neste momento Cavaco Silva tem pela frente, de não poder convocar eleições, António Costa e o PS podem ter uma palavra a dizer se o governo inicial não se “aguentar” e é nesse sentido que todas as conversas do secretário-geral socialista com as outras foças políticas, fazem sentido.
Existe por essa Europa fora mais de que um governo onde o partido mais votado não tem lugar e esse cenário de nada tem de ilegítimo.
Concluindo, ou quase, quem ganha deve assumir as suas responsabilidades e governar………………….mas já agora permitam-me que recorde umas declarações do senhor presidente da republica que diziam mais ou menos isto:
“não darei posse a governos minoritários……” e “optarei por soluções governativas com suporte maioritário na assembleia da republica……”
A politica é mesmo isto, segundo parece, o senhor presidente da republica vai convidar para formar governo quem não tem a maioria dos deputados eleitos e o PCP e o BE esqueceram as lutas contra a NATO, e a Coligação quer adoptar as tais medidas do PS que eram uma lástima.
Flic-flaques para a frente, para trás e para o lado.
Vale tudo e a todos tudo vale, esta é a política sem política!
(cronica desta semana na Radio Cruzeiro)