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TU-BARÃO
Pede-me, não só a mim, mas a outros colegas, o Barão das Neves, que escreva um texto para o seu blogue pessoal, visto que está a passar uma data aniversaria.
Habitualmente, não tenho grandes hesitações em elaborar um artigo, seja ele temático seja de carácter genérico. Mas desta vez, confesso, não me surgem ideias.
Eu explico.
Com algumas centenas de artigos publicados, em vários órgãos de comunicação, nacional e internacional, abarcando variadíssimas temáticas, ao longo dos últimos 20 anos, tenho sempre uma mensagem concreta com os meus escritos.
Isto porque é minha convicção que a escrita e a pena de quem escreve é uma arma muito eficaz.
Os temas, hoje, são muitos e a dinâmica de certos temas são muito grandes, em especial os temas políticos.
O problema é que, ao contrário do passado, a temática politica é cada vez menos interessante, pois a bitola por que se guiam os actuais actores do xadrez politico é absolutamente medíocre.
A minha paciência para ouvir, por exemplo, o actual Primeiro-ministro, ou o seu Ministro das Finanças é muito próximo do zero absoluto. Tudo me soa a amadorismo, tudo é muito rebuscado, tudo é muito jotamente,
Os noticiários, que eu sorvia avidamente, são hoje verdadeiros exercícios depressivos, cuja finalidade não se sabe bem se é informar ou assustar aqueles que se defrontam com todo o tipo de dificuldades, vindo á cabeça o direito á alimentação.
A Descrença que se abate sobre o povo, o País, é confrangedora. Já dizia Camões “o fraco Rei, faz fraca a sua gente”. Imaginem lá se Camões assistisse a este cenário, em que quem nos governa nos aconselha a emigrar, pois aqui não servimos para nada.
Se quem nos governa tem, publicamente, este desabafo de impotência, no caso quanto a uma classe, os professores, como é que o povo vai buscar energias para ultrapassar uma crise que nos é imposta, por uma coisa, a que vulgarmente se teima em chamar Troika, mesmo sabendo que essa coisa nem sequer existe no nosso léxico ?
Como compreender este sistema Republimonarquico, onde certos políticos, com passagens pela missão pública, arrecadam mordomias vitalícias, e ainda conseguem que os seus, consaguíneos, se acomodem numa das 230 cadeiras do palácio de S.Bento, ou numa qualquer cadeira principesca de um qualquer instituto ou empresa pública ?
Como entender que certas classes profissionais tenham cidadãos com reformas absolutamente obscenas. Alguém me consegue explicar como é que (por pudor não sou mais concreto) um reformado do sector público tem uma reforma de 5.000 ou mais euros ? Se a reforma é em função dos descontos e anos de trabalho, este reformado de cinco mil euros (mil contos na saudosa moeda antiga) quanto ganhava para fazer descontos a justificar a sua milionária reforma ? Só se trabalhava 36 horas por dia ?
Com tanta gente a dar máximo, como voluntários – bombeiros amadores, eleitos locais, comissões de protecção de menores (sim porque quem está nestas comissões, não recebem mais por isso e ainda têm de dar conta dos seus afazeres profissionais de que não estão dispensados), protecção civil, membros das mesas de voto, já para não falar dos voluntários de acções humanitárias e diversas ONG’s, chocam os ordenados milionários de certos senhores cuja aptidão é estar no sitio certo na hora certa bajulando quem assina as nomeações.
Vivemos, e não é de hoje, um tempo em que a mediocracia está com o pano todo, como se diz na navegação.
Aos melhores resta-lhes uma de duas opções (vou ignorar intencionalmente a terceira – emigração) ou baixa o patamar de exigência e nivela por baixo, a fim de ficar igual aos medíocres, afinal a maioria, e a democracia, recordêmo-lo, é o governo das minorias pelas maiorias, ou afirma-se, sem medos pela sua qualidade exibindo-a, para pânico da maioria, mas consciente que nunca chegará lá.
Uma Nação afirma-se na dinâmica histórica, através do povo, naturalmente, sobre duas premissas basilares: pelo plano material, e pelo plano espiritual.
Um símbolo, talvez não muito conhecido, é o Tau que se representa como um T. O Tau tem dois traços: um horizontal, que na linguagem esotérica, simboliza o plano material, e o vertical, que na mesma linguagem simboliza o plano espiritual.
Assim o Tau em forma de T tem o significado da supremacia do plano material sobre o espiritual. É o que se vive actualmente.
A inversa, ou seja, o T de pernas para o ar, tem o significado de que o plano espiritual venceu o plano material.
Os dois sobrepostos, fazem uma cruz.
Portugal, sabemo-lo, porque D. Dinis, Camões, António Vieira, Bandarra e Fernando Pessoa, no-lo disseram, nos seus legados, não é um País qualquer: é um País iniciático, onde a força dos seus arquétipos, mais do que uma vez suplantou o plano material.
Irá fazê-lo mais uma vez. Contra tudo e contra todos. E é isso que ainda me anima.
Viva Portugal
Oliveira Dias